A FARMÁCIA E O LIVRO
Livrarias poucas,
farmácias muitas
– esse o mal do país.
De rua em rua
reviso a sina
de não ver o que procuro.
A cada quadra, porém,
se abre em luz
a drogaria inúmera.
A alma, à margem,
é feita mendiga
da consumista fúria,
tal qual precisasse
ser refém a vida
de contínua penúria
do que livra e anima.
Assim, dia vem, dia vai,
deixamos pra trás as páginas
que fazem de nós
bem mais do que somos.
(Do livro A culpa está morta e outros poemas)