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Seleta amorosa
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Em comum

Sou a imagem
alhures desfeita
de mim. Ou de ti.

Quando meu Eu
desfaz-se nas brumas
do tédio, o teu
vocifera, inédito.

Quando é o teu
que se cala, este
que aqui se presume
irrompe do fundo
de palavras mudas.

Um e outro se dão
ao que em um minuto
deixarão de ser.

(Cadernos da noite, 2003.)



Juntos

Ó doce namorada,
te desejo ainda mais
depois de tantos anos!

Os caminhos do teu corpo
sei de cor: Por ele vou
fechando os olhos.

Um ao outro nos doamos.

Voraz, o tempo a cada dia
nos tira um pouco
do que, pra amar-nos, fomos feitos.

Não nos tira, porém,
esse enleio espontâneo
que nasce das mãos,
nem o que plantamos
sob a pele dos sonhos.

Ó namorada minha,
é cedo ainda
e temos de colher
auroras e o que mais é dado

a quem cultiva
as artes de viver.

(Cadernos da noite, 2003.)



Poema do eterno

Em minha vida
há um espaço reservado
para você;
esse espaço
é toda a minha vida!

(Círculo quadrado, 1970.)


Totalidade

Pensando em ti,
todas as minhas
células
pensam e sorriem
comigo!

(O bolso ou a vida?, 1971.)


Ao amor

Não quero fazer um poema
de pessimismo.
Quero fazer um poema
de amor.

Mas o que vou dizer
do amor
se do amor já disseram tudo?

O que eu vou dizer?

Ué! vou dizer
simplesmente
que o amor é tudo.

(O bolso ou a vida?, 1971.)



Aspiração

Quero num momento
tão entrar o teu corpo
e em tudo estar
de tal forma tão afim,
que por um instante
tu deixes de ser tu,
eu deixe de ser eu
e tu sejas todo eu
e eu seja toda tu.

(O homem e a mulher, 1980.)



Escafandrista

Retorno
do teu corpo de mar,
como quem traz estrelas
na carne e plumas
na voz; flauta
nascida na flor de sentidos.

Retorno de ti
mais vivo que antes,
aberto à viagem além de medidas.

Retorno
com grandes pulmões
e asas de vento,
capaz de pairar
acima do medo e ser
plenamente.

Retorno de poros abertos
pra luz adoçar
os veios do amor.

Retorno
às margens do corpo

(O homem e a mulher, 1980.)



Rituais do sexo

Poemas ao casamento

I

Neste dia de prata
com estrelas de ouro
hás de coroar teu corpo,
e fazer desta grandeza
uma tímida galáxia.

Eu, teu anjo seco,
abrir-te-ei meu riso,
dar-te-ei meu peito,
e toda a tua luz
acordará meu sonho,
acordará meu ser,
acordará meu tempo!

Nada sobrará, nada
faltará a nosso anseio,
e estaremos tão calmos,
tão certos, tão humanos,
como anoitecendo.

(O homem e a mulher, 1980.)



Relíquia

De cada semblante
se esvai a face
de ontem. O mundo
é relíquia guardada
no cofre do sonho.
Ou no cofre da sorte.

Em ti, caminho
num lar de volúpias,
à procura de quem
já não sou.

E tu me envolves
no imenso carinho
saudoso – enfim
também já não és.

Faltosos de si,
um ao outro se dá
e o encanto sustém
a infinda ventura.

(Nenhum milagre, 1993.)



Sinfonias possíveis

No esplendor de um dia feliz
se vê, além da própria matéria
do corpo, a matéria invisível
do amor.

O sorriso que nasce na boca
percorre um trajeto de flores
antes de dar-se, completo, ao vôo
dos lábios.

A doce palavra sai dos pulmões
de cada membrana, da afinada
guitarra da carne, dum abismo
que a mão não alcança.

No esplendor de um dia feliz
a gente descobre que tem, dentro
de si, incontáveis sinfonias
possíveis.

(Sinais/Sentidos, 1995.)

 

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