DESCONTENÇA
Para Marco Lucchesi
O Rio, muita gente pra lá
foi – era a Pasárgada
sonhada em verso e prosa.
Manuel Bandeira que o diga!
O bondinho de Santa Teresa
– eu mesmo vi – a bordo
trazia e levava alegria.
Pra que poetas numa cidade
assim, de poesia por onde se ia?
Mais rápido do que a vida
– ou do que se pensava –
a festa se fez o medo:
o assalto, o tropeço, a ruína.
Pasárgada não há mais,
nem lá nem aqui. Atrás
das janelas, miram os poetas
a descontença das ruas.