O CERCO DA TAINHA
De tantos viventes do mar
é ela, a tainha, a que mais atiça
e alegra os ilhéus. Vem com o vento,
não uma, mas muitas, chegando
a milhares. Olheiros as veem
de longe, um crispar à flor da água.
Canoas se apressam a cercá-las
e braços se abraçam a puxar à praia
o cardume, qual prata a brilhar.
Levadas nas mãos pela cauda
ou em cestos e caixas,
em hora aguardada flutuam
na brasa ou são fritas em óleo,
assadas em forno ou ainda secadas ao sol.
Não há quem não goste – garantem
as lendas. De todos os seres de escama
é ela, rainha de casos
e acasos, que faz a festa da mesa
de quando o outono, maduro,
retesa de frio o oceânico músculo.