AO RÉS DO CHÃO
Faltando tudo à vida,
de que serve a beleza?
Moradores de rua – e são tantos! –,
favelados à margem de córregos e rios
que levam pro mundo o esgoto diário,
emigrados em trânsito
– não há lugar com eles
para livros e obras de arte.
Sonhar, porém, ainda podem.
Palavras, mesmo que sujas ou tortas,
lhes sirvam de luz, essa luz
à margem do dia e da noite,
atada ao nada e a tudo.